CARRANCAS
As primeiras referências às carrancas datam de 1888 em
livros de Antônio Alves Câmara e Durval Vieira de Aguiar. A carranca, já usada
por romanos, egípcios, fenícios, assírios e gregos, parece que surgiu no Brasil
como um recurso primitivo de publicidade: atrair para as embarcações a
curiosidade da gente das fazendas, pois a população ribeirinha dependia do transporte
de mercadorias pelo rio São Francisco, e os barqueiros utilizavam as carrancas
para chamar a atenção para sua embarcação.
Os proprietários que buscavam tornar seus barcos mais
atrativos para conseguir maior número de passageiros decoravam a proa à moda
das embarcações primitivas de povos ocidentais. Além de concorrer entre si para
atrair a freguesia nas embarcações, os barqueiros se valeram também do aspecto
lendário das carrancas que, segundo a crença e o misticismo do povo da região
ribeirinha, serviam de amuleto de proteção, salvaguardando barqueiros,
viajantes e moradores contra perigos e maus presságios. A tradição diz que a
cabeça, por meio de três gemidos, avisa quando a barca vai afundar. Também é
chamada de cabeça-de-proa ou Cara feia.